domingo, 24 de fevereiro de 2008

Wireless-N - 200 Mbps

Confira o teste com os roteadores da nova geração sem fio.

Com o lançamento da nova plataforma móvel Intel Centrino Duo (codinome Santa Rosa), o usuário terá mais contato com o novo padrão de rede sem fio 802.11n, que se torna um item padrão (porém não obrigatório) nos futuros notebooks Centrino Duo.

O padrão 802.11n começou a ser desenvolvido em meados de 2003. Nessa época, o IEEE-SA (Institute of Electrical and Electronics Engineers - Standards Association) criou um grupo de trabalho para definir modificações nas atuais tecnologias de rede sem fio, a fim de ampliar seus recursos e melhorar o seu desempenho. A preocupação era manter um nível de compatibilidade com as tecnologias legadas (802.11a/g), proporcionando assim uma migração mais suave para o novo padrão.

Uma das soluções encontradas foi o uso de múltiplas antenas para a transmissão e recepção de dados, tecnologia conhecida como MIMO (Multiple Input, Multiple Output).


O MIMO tira proveito de um fenômeno natural conhecido como efeito de propagação por múltiplos caminhos (multipath) que ocorre quando uma onda de rádio refletida em um ou mais obstáculos percorre vários caminhos até chegar ao seu destino, gerando interferências na recepção.

Os pesquisadores descobriram que poderiam tirar proveito desse fenômeno, utilizando mais de um transmissor que enviaria vários fluxos de dados ao mesmo tempo. Eles seriam captados por diferentes antenas, que fariam a seleção e recuperação da informação original. O uso do MIMO, combinado com um canal de comunicação OFDM de banda mais ampla, permitiu um significativo aumento da taxa de transferência e do alcance da rede, preservando a compatibilidade com o 802.11g.

A expectativa do 802.11n é de que sua taxa de transmissão sem fio fique bem acima de 200 Mbps, chegando na rede física a 100 Mbps, bem acima dos 54 Mbps / 25 Mbps obtidos com o atual padrão 802.11g.

Mas ainda não estamos lá


Quando o IEEE anunciou o primeiro rascunho (Draft 1.0) do 802.11n, no início de 2007, diversos fabricantes já anunciaram equipamentos classificados como "Draft-N", ou seja, que incorporam as novas tecnologias do padrão N, porém com algumas idéias próprias, já que, para todos os efeitos, o padrão N ainda não existe.

O grande problema dessa abordagem é que não existe 100% de garantia de que um ponto de acesso de um fabricante fale com uma interface instalada no computador de outro. Com isso, instala-se um cenário onde se questiona se vale a pena investir hoje no Draft-N ou esperar pela aprovação final da norma.

Com a chegada da nova plataforma móvel Centrino Duo com 802.11n, acreditamos que foi dado um passo a importante, já que se estabelece uma "referência no mercado", já que a situação agora é saber se os pontos de acesso do mercado irão falar com ele ou não.


Conversando com alguns representantes da Intel, eles acreditam que a maioria dos problemas de compatibilidade se resolva a partir da aprovação final do padrão N, o que permitirá que os fabricantes tornem seus produtos compatíveis por meio de atualizações de firmware.

Os equipamentos

Atenderam ao nosso convite cinco empresas: a Belkin com seu N1 Wireless Router (R$ 699), a D-Link com seu Rangebooster N 650 DIR-635 (R$ 499), a Linksys com seu WRT350N (R$ 1.159), a Netgear com seu Rangemax NEXT WNR854T (R$ 659) e a TRENDnet com seu TEW-631BRP (R$ 480).

Todos esses equipamentos são do tipo "tudo-em-um", ou seja, ponto de acesso sem fio, entrada para modem de banda larga (ADSL ou cabo) com roteador e switch com quatro portas de rede Ethernet. São equipamentos bastante versáteis que podem ser usados tanto em residências quanto em pequenas empresas.

O que mais chama a atenção dos modelos wireless-N são suas três antenas (tecnologia MIMO) em vez das duas ou até uma antena do 802.11a/b/g. A exceção fica por conta do modelo da Netgear, cujas antenas ficam ocultas no interior do seu gabinete.

Com relação à apresentação do produto, notamos uma grande preocupação por parte dos fabricantes em orientar o usuário final sobre o procedimento correto de instalação e uso dos seus equipamentos.

Enquanto algumas empresas como a TRENDnet lacram seus CDs com avisos de "instale o software primeiro", outras como a Linksys e a D-Link lacram suas portas de rede com o mesmo aviso. O mais sistemático de todos foi a Belkin, que identificou todos os seus itens, incluindo o roteador.

No geral, todos os equipamentos vieram com guias de instalação em inglês/espanhol, sendo que tanto a Netgear quanto a D-Link oferecem instruções em português.

Apesar disso, notamos erros no seu guia de instalação da D-Link que acompanhou o produto: o endereço IP padrão (192.168.0.1) aparece corretamente na capa (em inglês), mas aparece como "92.68.0" na página em russo e em português; e "192.68.0.1" na versão em chinês.

Vale a pena notar que apenas os modelos da Belkin, D-Link, Linksys e Netgear são certificados com o selo do Wi-Fi Alliance, o que garante a interoperabilidade entre os equipamentos com porta 802.11b/g. A D-Link vai ainda mais longe, sendo o único a ser homologado pela Anatel.


Outra novidade dentre os modelos analisados é que o tanto o WRT350N da Linksys quanto o Rangemax Next da Netgear já vêm com switch Gigabit Ethernet (100/1.000 Mbps) contra o bom e velho Fast Ethernet (10/100 Mbps) dos outros modelos. Apesar de não ser o foco desse comparativo, esse recurso pode ser particularmente interessante para os usuários que manipulam grandes arquivos, o que pode ir bem com o ganho de velocidade do wireless-N. Veja as demais características técnicas na tabela comparativa.

Os testes

Como a maioria dos recursos de switch e compartilhamento de acesso à internet funciona quase que do mesmo modo, concentramos nossos esforços em avaliar o desempenho dos roteadores wireless no modo de comunicação sem fio.

Para isso, montamos um servidor dedicado com Windows 2000 Server isolado da nossa rede principal (para evitar interferências do trafégo de dados) e ligamos o roteador (um de cada vez) com o servidor via porta Gigabit Ethernet. Para acessar o servidor, utilizamos um notebook com interface Wireless-N montado em uma posição em que o equipamento poderia se comunicar com o ponto de acesso em linha reta, sem obstáculos.

Apesar disso, podemos afirmar que alcance é um dos maiores atrativos do Wireless-N, talvez até mais do que a velocidade propriamente dita. Dá para afirmar que conseguimos conexões de ótima qualidade em locais onde o Wireless-G nunca seria capaz de chegar. Optamos por esse cenário por questões de repetição e para termos condições de medirmos cada produto no máximo de seu rendimento.

Para facilitar as referências, utilizamos apenas uma massa de dados de 100 MB agrupada (mas não compactada) num arquivo .ZIP, por sinal, o mesmo usado em nossos testes de disco rígido.

Decidimos não usar esses arquivos não agrupados - formado por 3.485 arquivos, espalhados em 113 subdiretórios - já que, nesse caso, o processo de cópia sobrecarrega mais o sistema de arquivos do que o meio de comunicação propriamente dito.

Nossa idéia original era utilizar um notebook com tecnologia Intel "Santa Rosa" com Wireless-N Intel 4965AGN, mas notamos durante as medições que todos os equipamentos se conectavam a 56 Kbps, a mesma velocidade do Wireless-G. Fizemos uma modificação no nosso procedimento e utilizamos um cartão PCMCIA TEW-621PC, que foi capaz de conectar com todos os equipamentos a 300 Mbps. Para efeito de comparação, fizemos as mesmas medições com uma conexão de 56 Mbps, para ter uma idéia de seu desempenho em Wireless-G.

Basicamente, medimos o tempo para transferir nosso arquivo de referência do PC para o servidor (e vice-versa) pela rede e fizemos um teste adicional de download via FTP, simulando um procedimento muito comum na internet.

Nos testes realizados, o equipamento que apresentou o melhor desempenho geral foi o WRT350N da Linksys, baixando arquivos em menos de 15 segundos via rede, enquanto seus concorrentes ficaram na média de 20 segundos ou mais. Nossa suspeita é que o equipamento da Linksys se beneficiou de seu switch Gigabit Ethernet para obter esses resultados.

Um equipamento que não se comportou bem foi o RangeMax NEXT, da Netgear, que apesar de também vir equipado com switch Gigabit Ethernet, apresentou alguns engasgos durante a transmissão de dados ? o que piorou o seu desempenho em relação aos seus concorrentes. Isso significa que o produto é ruim? Não necessariamente.


O produto analisado é uma amostra utilizada pela empresa em demonstrações, que costuma ser de versões pré-série com um firmware que pode não estar na sua melhor forma. Outra possibilidade é a de que esse equipamento seja uma vítima dos problemas de interoperabilidade entre os modelos Draft-N que o mercado fala tanto. O curioso é que repetimos o teste com um cartão PCMCIA fornecido pela própria Netgear e a conexão nunca passou dos 56 Mbps.

Conclusões

lab_wireless5Dentre os modelos analisados, aquele que apresentou a melhor relação entre preço e desempenho foi o Rangebooster N 650 DIR-635 (R$ 499) da D-Link. Trata-se de um produto que obteve um bom desempenho geral, é bastante flexível em termos de instalação e uso, e que nos pareceu ser o produto mais comprometido em termos de compatibilidade. Ele é o único homologado pelo Wi-Fi Alliance (nos padrões B e G) e pela Anatel. Por essas e outras, o equipamento da D-Link é o ganhador do prêmio Escolha do Olhar Digital desse mês.

Mas há outros dois equipamentos que merecem destaque. Primeiro foi o TEW-631BRP, da TRENDnet, que, apesar de seu visual simples e despojado, tem um transmissor tão potente quanto o DIR-635 (63 miliwatts), e se comportou muito bem em nossos testes, colocando-se como a melhor opção em termos de custo (R$ 480)



Se dinheiro não for problema, o WRT350N (R$ 1.159), da Linksys, mostrou todo o seu potencial em termos de inovação, recursos e desempenho, oferecendo até alguns adicionais interessantes, como suporte para armazenamento externo via USB. Entretanto, existe o preço a ser pago por isso, que pode chegar a ser o dobro de seus concorrentes.

Nenhum comentário: